
Dia 6, sair de casa de noite. Calma, era apenas 6 da manhã e tínhamos 370km a percorrer até Jökulsárlón. Na minha rota era lá que começavam as descobertas, e desta vez não fomos os quatro cá de casa, ahahah, já digo casa como se lá morasse. Morar não digo, mas pertencer, isso sim. Eramos 8 (Eu, Sara, Nora, Ruben, Telma, Ana, Diogo e André), íamos em dois carros, e precisávamos de dois dias visto irmos para bem longe de casa.
Fizemos os quase 400km diretos, apenas com uma pausa para casa de banho e troca de condutores. Foi uma manhã de chuva e nevoeiro, com limites de velocidade de 80 e 90 km/h ahahah, não se pode andar em velocidade superior na Islândia, bem, perto da hora de almoço e estávamos no destino.
Como íamos para longe alugámos uma casa no meio do "nada" e estes eram os nossos vizinhos. Como passávamos perto fomos “chekar” a casa antes para ver se estava tudo ok e o que teríamos de trazer para fazer o jantar.
Antes de chegar a Jökulsárlón, passámos cerca de 50 km nesta paisagem “morta” e escura sem nada, aqui nem cavalos existiam. Isto porque, Bárðarbunga, é aquelas “montanhinhas” das fotos com cerca de 2000 metros de altura, 200 km de comprimento e 25 de largura, sendo que a segunda montanha mais alta da Islândia, entrou em erupção em agosto de 2014, causando esta paisagem Preta e alguma destruição em estradas e pontes, porque ali não existe muitos habitantes.
Jökulsárlón, finalmente chegámos à hora de almoço. Foi um dos locais, em que mais pena tive, por estar aquele tempo desagradável, em que não parava de chover e estavam ainda cerca de -10 °C. Ainda assim, aquela praia cheia de glaciares é simplesmente fenomenal, apesar de ter um mar assustador.

Em todos os estabelecimentos existiam avisos que uma tempestade no dia seguinte iria chegar aquela zona, bem, tínhamos de estar longe daquele sítio. O problema é que a tempestade chegou mais cedo do que o esperado e apanhou-nos na estrada. Uma coisa horrível, que confesso ter sentido medo. Aqueles 50 km que teriam sido sobre as terras pretas volcânicas, encheram-se de neve aliada a vento que levava o carro a dançar de faixa em faixa, parar seria um perigo visto não existir ali local seguro para isso. O melhor seria mesmo continuar, e esperar, havia de passar. Devido à tempestade, ficaram alguns locais que tinha no roteiro por ver.
Uns km’s mais à frente, parecia que não se tinha passado nada, realmente a Islândia é um local que tem tanto de estranho como maravilhoso. Tínhamos à frente dos carros gelo e começavam a cair flocos de neve suavemente.

No meio de tanto frio e alguns percalços, acho que nunca faltou divertimento à mistura, apesar de estarmos à aventura por locais desconhecidos e tempo incerto. Bem, a poucos metros da estrada principal encontra-se um monumento natural, difícil de acreditar que não tem mão humana, mas é verdade, ninguém ali tocou pelo que consta. São 80 m² de "chão de igreja" como assim lhe chamam. Se se lembrarem do teto da Harpa de Reykjavik que mostrei no dia anterior, vão perceber onde foi inspirado.
Seguimos para um dos locais que teria mesmo de ir, ahahah, aquele local mítico que dá início a um dos videoclips do Justin Bieber. Como já referi anteriormente a Islândia tem apenas uma estrada N1 alcatroada, as restantes estradas são quase todas em terra, e tínhamos de ir devagar porque o Diogo tem um carro baixo. Quem visitar a Islândia, se possível alugue um 4x4.

Aqui fica um vídeo neste local https://www.facebook.com/luisLchacal/videos/vb.100003178326408/1267741103341822/?type=3&theater Quando era miúdo tinha medo de alturas, agora é algo que me fascina. Gosto de arriscar, mas não é à toa, este local tem tanto de belo como de perigoso. É tão fantástico, tão grande, tão místico, parecendo que estamos dentro de um filme.

Muito ainda para ver e o tempo a passar rápido, o próximo destino estava a 70 km de distância e já era quase noite. Desta vez “apoderei-me” sozinho dos bancos de trás da carrinha, e estava no "meu mundo", macacada geral para fazer boas fotos.

Paragem em Vik, foi obrigatório subir ao ponto mais alto daquela "cidade" de 300 habitantes para poder ver a melhor vista de sempre, com ou sem pôr do sol, ali deve ser perfeito todo o ano.

Existe montes de lendas para aquelas pedrinhas ali ao fundo. Eram dois Trolls que queriam trazer um navio para terra, atingidos por um raio que os transformou em pedras. Fiquei um tempo lá sentado no meio daquele silêncio, onde poderia ver o mar, ver as montanhas, sentir a brisa e os pequenos flocos de neve que começavam a cair com o chegar da noite. Estava no meio de uma paleta de cores em alguns minutos. Isto tudo em Vik, não é aquele Vick de colocar no nariz, mas que me fez bem respirar lá, fez.
Desci mais perto até ao outro lado para ver de perto a praia de Vik e as míticas rochas volcânicas, que também são comparáveis com o design das paredes da Harpa mais uma vez. Sei que neste mar é onde morrem mais turistas e eu assim que vi estas ondas subirem praia a cima tive de correr a subir as pedras.

O fim do dia chegou e a tempestade voltou a apanhar-nos, podemos dizer que foi bom ter ido a casa logo de manhã, porque o caminho para lá com neve na estrada era bem diferente. Mas lá chegámos com os bem-ditos GPS's.

Esta noite foi ótima, a casa era gigante, e estava no meio de vários cozinheiros. Comi, comi e comi, ahahah, no final da noite ainda pregámos umas partidas uns aos outros, e no meio disto tudo a “mais velhinha”, a Telma, foi a que sofreu mais ahahah. Até amanhã ;-)